CONSIDERAÇÕS SOBRE HURRSERL
INTRODUÇÃO
Nesse trabalho vamos apresentar sem pretensão, alguma considerações sobre o pensamento de Husserl e nossa intenção é documentar a apreciação pelo tema “A Fenomenologia” de forma geral, lembrando que a curiosidade é a expressão máxima da vontade de conhecer. Abordamos os tópicos assim organizados: Os tipos de conhecimento, onde mostramos os principais pressupostos das formas de conhecer, isso porque Husserl acaba propondo uma epistemologia, em seguida apresentamos um pouco da biografia de Husserl, bem como sua contribuição sobre o assunto e terminamos com a temática atual sobre a Fenomenologia, sempre problematizando sucintamente o conteúdo como um todo, com a finalidade de continuar a explorar o tema de forma que sua compreensão seja agradável aos leitores promovendo a necessidade de uma busca pessoal. Para tal assim é apresentado.
Todavia, não se pretende aqui apresentar um esboço histórico do conceito de fenômeno nem tampouco da fenomenologia. Em sendo assim, será feita uma abordagem rápida da fenomenologia sob a rubrica do filósofo alemão Edmund Husserl (1859-1938), o que vem ao encontro do objetivo do presente trabalho.
Espera se que o presente trabalho seja de grande proveito intelectual ou não, já que buscou se elaborar de forma sucinta os conceitos principais sobre o tema abordado.
Que ao menos seja o início de uma busca maior.
I - TIPOS DE CONHECIMENTO
O conhecimento está diretamente ligado ao homem, à sua realidade. O conhecimento pretende idealizar o bem estar do ser humano, logo o conhecimento advém das relações do homem com o meio. O indivíduo procura entender o meio partindo dos pressupostos de interação do homem com os objetivos. É uma forma de explicar os fenômenos das relações, seja, entre sujeito/objeto, homem/razão, homem/desejo ou homem/realidade. A forma de explicar e entender o conhecimento passa por várias vertentes como: conhecimento empírico (vulgar ou senso comum), conhecimento filosófico, conhecimento teológico e conhecimento científico.
O conhecimento empírico surge da relação do ser com o mundo. Todo ser humano apodera-se gradativamente deste conhecimento, ao passo que lida com sua realidade diária. Não há uma preocupação direta com o ato reflexivo, ocorre espontaneamente. É um conhecimento do tipo abrangente dentro da realidade humana. Não está calcada em investigações.
O conhecimento filosófico surge da relação do homem com seu dia-a-dia, porém preocupa-se com respostas e especulações destas relações. Não é um conhecimento estático, ao contrário sempre está em transformação. Considera seus estudos de modo reflexivo e crítico. É um estudo racional, porém não há uma preocupação de verificação.
O conhecimento teológico preocupa-se com verdades absolutas, verdades que só a fé pode explicar. O sagrado é explicado por si só. Não há importância a verificação. Acredita-se que o conhecimento é explicado pela religião, pela fé. Tudo parte do religioso, os valores religiosos são incontestáveis. (portanto a Bíblia não é um livro que entendemos pela fé).
O conhecimento científico precisa ser provado. O conhecimento surge da dúvida e comprovado concretamente, gerando leis válidas. É passível de verificação e investigação, então acaba encontrando respostas aos fenômenos que norteiam o ser humano. Usa os métodos para encontrar respostas através de leis comprobatórias, as quais regem a relação do sujeito com a realidade.
II - CONHECENDO UM POUCO DE EDMUND HUSSERL
Edmund Husserl nasceu em Prossnitz, na Morávia, no antigo Império Austríaco (hoje Prostejov, na República Checa), em 8 de abril de 1859, e morreu em Freiburg, em 27 de abril de 1938. A fim de completar seus estudos de matemática, iniciados nas universidades alemãs, foi, em 1884, para Viena, onde, sob a influência de Franz Brentano, descobriu sua vocação filosófica.
Em 1887, Husserl, que fora judeu, converteu-se à Igreja Luterana. Ensinou filosofia, como livre docente, em Halle, de 1887 a 1901; em Göttingen, de 1901 a 1918; e, em Freiburg, de 1918 a 1928, quando se aposentou.
Na raiz do pensamento de Husserl encontram-se as seguintes influências principais: Franz Brentano e, por seu intermédio, a tradição grega e escolástica; Bolzano, Descartes, Leibniz, o empirismo inglês e o kantismo.
Desde suas origens, observa Husserl, a filosofia pretendeu ser ciência estrita, satisfazendo às exigências teóricas mais rigorosas e permitindo uma vida regida por normas racionais. Jamais, no entanto, conseguiu justificar essas pretensões, embora a filosofia moderna, a partir de Descartes, seja essencialmente crítica, concentrando-se, cada vez mais, na investigação referente ao método.
O fruto desses esforços, no entanto, reduziu-se à fundação e à emancipação das ciências da natureza e do espírito, e de novas disciplinas, puramente matemáticas.
A filosofia, porém, que representa a irrecusável aspiração da humanidade a um saber puro e absoluto, ainda não se estruturou como verdadeira ciência. Kantcostumava dizer que não se aprende a filosofia mas a filosofar, reconhecendo, assim, o caráter não científico da filosofia.
Para Husserl, a filosofia não é uma ciência imperfeita - simplesmente ainda não é uma ciência. Os supremos interesses da cultura humana, contudo, exigem a elaboração de uma filosofia estritamente científica, o que implica a crítica do naturalismo e do historicismo.
Toda ciência natural, observa Husserl, é ingênua em seu ponto de partida, inclusive a psicologia, na medida em que a psicologia é sempre psicofísica, implicando, tácita ou expressamente, a posição existencial da natureza física.
Tal ingenuidade consiste, por exemplo, em reduzir à experiência o método da ciência experimental, embora a ciência natural seja crítica a seu modo, quando concatena as experiências, as interpreta e articula com o pensamento, distinguindo entre experiências válidas e não válidas.
Essa crítica, contudo, não exclui a outra, que põe em questão a experiência em geral e o pensamento que resulta dessa experiência, pois os problemas inerentes à ciência natural, enquanto tal, não podem ser resolvidos pela própria ciência natural.
Assim, propondo-se investigar as relações da consciência com o ser em geral, a teoria do conhecimento deverá considerar o ser como correlato da consciência (ser lembrado, percebido, imaginado, desejado, etc.), procurando, ao mesmo tempo, determinar a essência da consciência.
Para Husserl, todo objeto, pré-científico ou científico, é um dado da consciência. Mas, como a estrutura da consciência é a "intencionalidade", quer dizer, como toda consciência é sempre "consciência de" alguma coisa, o estudo da essência da consciência inclui o estudo da significação e o da objetividade da consciência como tal.
A análise da consciência implica, assim, a clarificação das formas fundamentais da objetividade, enquanto correlatos intencionais da consciência. Tal análise, ou descrição, dá origem à fenomenologia da consciência, que não se confunde com a psicologia ou ciência natural da consciência.
A "redução fenomenológica", na expressão de Husserl, é o processo que consiste em pôr "entre parênteses" a existência dos conteúdos da consciência, ou das vivências, e também do eu, enquanto sujeito psicofísico ou suporte existencial da consciência, assim reduzida ao eu puro, ou transcendental.
Trata-se, portanto de se realizar uma redução "eidética", ou seja, reduzir as vivências à sua essência ("eidos"), objetos ideais que não se acham na mente (hipótese psicológica), nem no mundo platônico das ideias (hipótese metafísica), nem na inteligência divina (hipótese teológica). Tais objetos são ideais, são "significações", alheias ao tempo e ao espaço, de validade permanente.
Enquanto ciência, a fenomenologia é, assim, investigação de essências e de relações entre essências, quer dizer, a determinação de configurações essenciais da consciência e de seus correlatos intencionais, investigados e fixados de modo puramente contemplativo em sua conexão sistemática.
Após criticar a o psicologismo naturalista, Husserl empreende a crítica do historicismo, que, a seu ver, se resolve em relativismo e ceticismo. Nessa perspectiva, as ideia de verdade, teoria e ciência perdem sua validade absoluta.
A história, enquanto ciência empírica do espírito, nada pode decidir por si mesma, sobre a distinção entre religião, filosofia, arte, etc. como configurações culturais, ou formas contingentes de manifestação, e sua ideia ou essência, em sentido socrático.
De razões históricas, diz Husserl, só podem resultar consequências históricas - e é um contra senso pretender refutar ideias por meio de fatos. A história, que se constitui de fatos, nada pode provar contra a possibilidade de valores absolutos. A significação de uma configuração histórica como fato nada tem a ver com sua validade. A norma do matemático está na matemática, do lógico na lógica, do ético na ética, etc.
O historicismo constitui um extravio gnosiológico, embora Husserl não pretenda negar o valor da história para o filósofo. Só a fenomenologia se estende do espírito individual ao campo do espírito em geral, sendo a disciplina capaz de fundamentar uma filosofia do espírito.
A época atual, diz Husserl, só quer acreditar em realidades. Sua mais forte realidade é a ciência; por consequência, aquilo de que mais precisa é da ciência filosófica, que exclui qualquer preconceito ou tradição que se deva aceitar como princípio. Não se trata de excluir a história, mas de reconhecer que o incentivo para filosofar não vem das filosofias históricas, mas das coisas e dos problemas.
Ciência dos verdadeiros princípios, das origens, das raízes, a filosofia também deve ser radical em seus métodos, não renunciando, em hipótese alguma, à exclusão radical dos preconceitos. Assim entendida, diz Husserl, a fenomenologia abre um campo de trabalho infinito, proporcionando conhecimentos rigorosos e decisivos à filosofia ulterior.
Sendo um novo tipo de filosofia transcendental, a fenomenologia é, de certo modo, um neocartesianismo. Husserl volta ao "cogito" de Descartes, mas, com a ideia de intencionalidade da consciência, evita a confusão entre o "ego" e a "res cogitans" (coisa pensante), pois, se pensar (em sentido amplo, que envolve todas as operações da consciência) é sempre pensar em alguma coisa, a fórmula correta não será "cogito ergo sum" ("penso, logo existo"), mas "ego cogito cogitatum" ("eu penso o pensado").
A filosofia de Husserl exerceu profunda influência não só em filósofos como Heidegger e Max Scheler, Jean-Paul Sartre e Merleau-Ponty, Ortega y Gasset e outros, mas também em psicólogos como Binswanger e Buytendijk.
III – FENOMENOLOGIA DEFINIÇÃO E CONSIDERAÇÕES.
Tratado dos fenômenos; análise comparativa ou estudo descritivo dos fenômenos, de tudo que se pode observar na natureza. Filosofia. Descrição filosófica dos fenômenos, em sua essência aparente e ilusória, observados a partir do contato com os sentidos individuais. Filosofia. William Hamilton (1788-1856). Demonstração instantânea anterior à compreensão teórica das situações, ações ou fatos psíquicos. Filosofia. E. Husserl (1859-1938). Metodologia filosófica que sugere uma descrição da experiência praticada pela consciência, sendo suas manifestações analisadas no âmbito da generalidade essencial. (Etmo. fenômeno + logia)[1]
A palavra fenomenologia foi empregada por alguns pensadores ao longo da história da filosofia, e pode ser aqui definida nos seguintes termos: “descrição daquilo que aparece ou ciência que tem como objetivo ou projeto essa descrição” (ABBAGNANO, 2000, p. 437). Como se pode deduzir do próprio vocábulo, a fenomenologia está relacionada diretamente ao conceito de fenômeno o qual pode ser definido como “aquilo que aparece ou se manifesta.”
O método fenomenológico abre mão de afirmar uma realidade ou coisa-em-si kantiana para voltar-se ao homem e sua experiência, oriundas tanto dos aspectos racionais quanto irracionais. Seu foco está em avaliar a experiência humana do mundo no âmbito das coisas como aparecem (fenômeno).
Husserl, grande desenvolvedor desse método, buscou trabalhar aquilo que se manifesta, rompendo com a pretensão de pensar a coisa-em-si como anteriormente se fazia. Seu método consiste em dois pontos iniciais: a via negativa e a positiva. A primeira propõe uma epoché, suspensão de juízo, para analisar a coisa como é conhecida, como aparece ao sujeito. A segunda é o movimento próprio de dirigir-se a coisa após essa suspensão.
BIBLIOGRAFIA
HUSSERL, EDMUND. A crise da humanidade europeia e a filosofia. Porto Alegre: Edipucrs ed., 1966.
Disponível em < https://educacao.uol.com.br/biografias/edmund-husserl.htm>. Acesso em: 04 de janeiro de 2016.
CHAUI, MARILENA. Iniciação a Filosofia. São Paulo: Ática ed., 2011.
BUZZI, Arcângelo R. Introdução ao Pensar. 28ª ed. Petrópolis: Vozes ed., 2001.
LALANDE, A. Vocabulário técnico e crítico da Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
HUSSERL, EDMUND. A ideia da Fenomenologia. Rio de Janeiro: Edições 70 ed., 2015.
MONDIN, Battista. Curso de Filosofia: os filósofos do ocidente. Vol. 3. São Paulo: Paulinas, 1987.
Disponivel em < https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/filosofia/a-fenomenologia-husserl-uma-breve-leitura.htm> acesso em: 05 de janeiro de 2016.